Não
era minha intenção testar uma Yamaha XSR 700, mas foi parar-me a casa e depois
de dar uma volta descomprometida com ela, resolvi também escrever sobre as
sensações que me transmitiu e assim ajudar a algum leitor interessado em
comprar uma.
A
versão é uma série especial da MT-07, com um aspecto algo retro e com muitos
detalhes cuidados e de qualidade. Realço o depósito revestido lateralmente com
chapas de alumínio anodizado, o farol frontal e traseiro redondo (este último
com iluminação led), um quadro de bordo, todo ele digital, redondo e
minimalista, mas bastante completo de informação, o assento com duas
tonalidades, etc.
O
quadro é tubular herdado da MT-07, com as necessárias adaptações, em especial
no sub-chassis, o mesmo acontecendo com todos os elementos base como é o motor,
o sistema de escape, as rodas, travões e basculante, este último, um elemento muito
bem esculpido em alumínio, raro neste segmento, que lhe dá um toque de muita
qualidade.
O depósito em alumínio anodizado |
Em
curva a moto deixa-se levar com facilidade e trava de forma correcta, mas pressionar
a manete do travão da frente é como espremer um bloco de borracha algo duro.
Falta-lhe progressividade e elasticidade, é pouco contundente, mas também há
que ter em conta que estamos a falar de um modelo de média gama. Não utilizei o
travão de trás suficientemente para tirar elacções concretas, mas pareceu-me
que ao contrário do da frente, tem demasiado percurso para que se comece a
sentir a travar.
O assento em duas tonalidades |
Ficou
por falar de uma parte muito importante e sensível da ciclística – as suspensões.
Não gostei nada do seu comportamento (tal e qual como aconteceu com a Tracer
900), e até as considero perigosas se tentamos levar a moto em ritmo elevado.
Quadro clássico, mas bastante completo |
A
da frente é demasiado branda e a detrás é seca. Em conjunto não conectam,
chegando ao ponto de toda a moto balouçar como se fosse um barco em águas agitadas,
quando passamos por cima de supressões ou de lombas. Estas suspensões fazem-me
lembrar as da minha Honda CX 500, mas esta já conta com quase 40 anos de existência.
Não será por acaso que a Yamaha tem disponível no seu extenso catálogo de
acessórios, suspensões Öhlins, deduzindo que a marca foi consciente do mau nível
que equipa esta máquina. De caminho posso ajudar a justificar a existência
desta falta de qualidade. Num mercado onde o nível de concorrência é muito
elevado e os preços são essenciais na hora de decidir, e mais ainda em tempo de
crise, as marcas procuram fazer um produto atractivo sem perder o necessário
lucro económico… Resumindo, a Yamaha poupou nas suspensões!
Farol traseiro com leds |
Não
quero que os defeitos aqui apontados ensombrem a boa qualidade geral desta
máquina. A XSR 700, modelo ímpar no seu segmento, é uma moto muito atractiva,
com componentes e acabaments de grande qualidade, muito dinâmica e ligeira.
Se
fosse minha, de certeza que lhe punha umas suspensões de maior qualidade e se
tivesse disponível mais umas centenas de euros, um escape Akrapo vic com saída
dupla, que lhe ficam a matar e lhe dão uma sonoridade celestial (podes ver e
ouvir em Yamaha XSR com escape Akrapovic.
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Escape akrapovic - um acessório interessante |