Não sei se, caro leitor, alguma vez passaste pela situação de teres tanta fome que até um pedaço de pão sabe a glória…
Saímos depois de almoço e quando íamos a sair da Lage & Lage, demos conta que o céu estava negro e pesado e estava a preparar-se para castigar os mais desprotegidos.
Eu montado na sua sofisticada Multistrada e ele na minha combativa CX, era ver-nos a correr a “tout vitesse”, comigo a tentar dominar os 160 CV da Ducati e o Filipe a espremer os 50 CV da Honda, o que nos manteve sempre à frente do nosso competidor mais directo – a chuva.
Depois de 60 fenétricos quilómetros, chegamos a Vinhais, tiramos umas fotos de familia e devolvemos as monturas aos seus correspondentes donos.
Esses curtos 10 minutos parados, foram suficientes para que o céu se vingasse da nossa curta vitória e a partir daí o ambiente passou a ser molhado, muito molhado!
Alguém quis voltar para trás? Alguém estava triste? Qual quê! Toca a inaugurar a temporada de Inverno com uma boa voltinha à chuva!
Apontamos o azimute para a Gudiña e a bom ritmo fizemos todas aquelas estreitas e caprichosas curvas.
Entramos em Espanha. A estrada alargou-se e o piso melhorou, mas a chuva não parou.
Chegados à Gudiña e ainda se mantinha a fome de mais estrada e aí dirigimo-nos para norte em direcção a Campobecerros, donde estão a construir e passa a nova linha do AVE.
Nesse trajecto até Verín, apanhamos de tudo: mau piso, curvas impossíveis e nevoeiro, mas também desfrutamos de uma parte muito divertida, em forma de montanha russa com o piso imaculado.
Chegamos a Verín e daí rumamos a Chaves. Nem nos apeteceu parar pelo caminho, mas naquele momento demos conta que necessitávamos tomar algo quente para retemperar forças.
Com este curto passeio sentiamo-nos recuperados. Tinhamos saciado de certa forma a fome e a saudade de tanto milhares de quilómetros que fizemos juntos e que agora, por motivos de distância, já há muito não fazíamos.
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