De todas as motos que tive até agora, a Suzuki é aquela que tem ocupado mais quantidade, tempo e distância na minha vida, e por isso ainda me desperta um certo desejo de voltar às origens.
Esta marca não é de grandes revoluções e luxos, mas tem feito ao longo da sua história excelentes motos. Não é tão bem acabada como por exemplo a Honda, mas é muito mais competitiva na relação qualidade-preço.
Já tive duas GSX750F (em 89 e 98), uma das quais rolou nas minhas mãos durante 115.000Km (com zero problemas) e uma DR350 para andar no monte.
A antiga 650 V-Strom já saiu há cerca de 7 anos, derivando da irmã maior - DL 1000, sendo que esta última acabou por ter uma curta carreira devido às fracas vendas. Vá-se lá saber porquê.
Em contrapartida a 650 teve um franco sucesso de vendas, granjeando rasgados elogios sobre as suas qualidades dinâmicas e ganhando nas revistas da especialidade todos os comparativos da sua classe. O sucesso foi tão grande que até no nosso pouco motociclista país existe um fórum só para a V-Strom. (http://www.vstromportugal.com/vstrom/index.php)
Perante todas estas boas qualidades, mal se anunciou que ia sair o novo modelo, fiquei na expectativa de ver se conseguiam melhorar aquilo que já era bom.
Ainda tive que me “esforçar” para conseguir andar na moto de testes. Foi-me cedida uma, que andou nas mãos dos jornalistas nestes últimos meses e fui apanhá-la no concessionário Suzuki de Sto. Tirso.
O gerente, ao entregar-me a moto disse-me “olhe que é fantástica” e eu pensei – as motos para serem fantásticas têm que custar no mínimo 15.000€! Nada mais errado.
Já com o motor ligado, o mesmo apenas rumoreja, mas ao acelerar mostra ter carácter, sem qualquer “poço” na curva de potência. Com 68 cv, não tem a pujança de uma moto de topo, mas não nos sentimos limitados para fazer seja o que for. E a curvar, que bem se deixa levar! Imagino que, depois de nos adaptarmos convenientemente, não há potência que bata esta moto.
Também importante é a panóplia de acessórios de viagem que podemos adquirir de origem: punhos aquecidos, vidro deflector maior com apêndice aerodinâmico, malas laterais (pena serem necessários aqueles inestéticos suportes em ferro), mala superior, protector de cárter (de plástico).
Maus pormenores? Sim, existem, mas com pouco relevo. Não gostei do acabamento do vidro deflector com aqueles 4 parafusos, cada um deles enfiados num profundo buraco (o vidro maior em opção parece já não ter esta lacuna, pois está tapado como no modelo antigo), e o facto de ser necessário desapertar esses mesmos parafusos para regular o vidro. Gostava que o depósito não tivesse perdido os 2 litros da antiga, mas a verdade é que prefiro mil vezes a motinha com aspecto esguio e ligeira, mesmo sabendo que um dia posso ficar pendurado na estrada por falta dessa gasolina. A silhueta da moto deixou de ter uma personalidade tão vincada como o modelo antigo, mas isto é como as mulheres bonitas, ao serem tão bem delineadas e perfeitas acabam por parecer (quase) todas iguais.
Esqueci-me falar dos consumos. Quando agarrei nela o computador de bordo marcava 5,3l/100. Durante a minha volta ainda baixou para 5,2. Um bom indício de que gasta pouco, apesar de ter puxado por ela.
Para não deixar nada por dizer, a caixa de velocidades pareceu-me correcta e as suspensões, no primeiro contacto, algo duritas, mas depois de alguns quilómetros pareceram-me bastante equilibradas. O amortecedor de trás tem um comando muito acessível para regular em compressão, no caso de se levar passageiro ou carga.
Confesso que adorei a moto. Quando a devolvi ao gerente disse-lhe que tinha razão, é mesmo fantástica. Com 9.000€, conseguimos fazer o mesmo que uma com o dobro do preço e divertimo-nos igual ou melhor, pois também é benéfico para o nosso ego sentir que dominamos (esprememos) a máquina e não ao contrário.
Se a prefiro à Cross Runner? Gosto mais das linhas da Honda, e ainda do mágico motor V4. Porém a Suzuki é muito mais económica (gasta menos 1-1,5l/100 Km) e custa menos 2.000€, é mais confortável e dá para rolar em caminhos, subir e descer passeios, etc.. Dois mil euros, é pouco dinheiro para ti? Então compra a que quiseres. Se é muito, então escolhe a V-Strom.
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